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Carioca - Nascida no dia 07/12/92 - Sagitariana - Gosto de cantar, ler, escrever e conversar.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

METADE

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio; Que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca; Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio... 
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza; Que o homem que eu amo seja pra sempre amado mesmo que distante; Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade... 
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, Apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos; Porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo... 
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço; E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada; Porque metade de mim é o que penso mas a outra metade é um vulcão... 
Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável; Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância; Porque metade de mim é a lembrança do que fui, A outra metade eu não sei... 
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais; Porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço... 
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para faze-la florescer; Porque metade de mim é platéia e a outra metade é canção... 
E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor  a outra metade... também.
Oswaldo Montenegro

domingo, 6 de janeiro de 2013

Aceitarás o amor como eu o encaro ?

Aceitarás o amor como eu o encaro ? Azul bem leve, um nimbo, suavemente guarda-te a imagem, como um anteparo contra estes móveis de banal presente. Tudo o que há de melhor e de mais raro vive em teu corpo nu de adolescente, a perna assim jogada e o braço, o claro olhar preso no meu, perdidamente. Não exijas mais nada. Não desejo também mais nada, só te olhar, enquanto a realidade é simples, e isto apenas. Que grandeza... a evasão total do pejo que nasce das imperfeições. O encanto que nasce das adorações serenas.
Oswald de Andrade